sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Integração de Gaia e Vila Nova na jurisdição do Porto


Na segunda metade do século XIV, entre 1383 e 1385, o sul de Portugal foi abalado pela invasão dos Castelhanos, os quais foram derrotados com a ajuda, entre outros, da frota enviada pelo Porto.
Dado isto, D. João I resolveu recompensar o Porto, por ter libertado Lisboa dos Castelhanos, oferecendo-lhe parcialmente Gaia e Vila Nova, assim como outros concelhos circundantes.
Deste modo, entre 1385 até 1834, a Vila Nova e a Vila de Gaia perdem a sua autonomia, uma vez que são integradas na administração do Porto. Isto apesar de um dos homens de armas do Mestre de Avis ser o alcaide do Castelo de Gaia, então destruído pela fúria do povo em relação à extorsão que lhes era feita pela mulher do alcaide durante a ausência desse, que fora lutar pela causa da reconquista. Dado isto, a população toma o castelo de assalto e destrói-o, nunca mais sendo erguida esta fortaleza, símbolo da identidade clássica e medieval de Gaia.

Imagem: http://mjfs.wordpress.com/2007/09/12/catedral-se-do-porto/

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Gaia e Vila Nova


Após a reconquista e a pacificação dos territórios a sul do Douro, as terras férteis abandonadas são novamente ocupadas pelos colonos que em tempos se deslocaram para norte, em troca de melhores contratos feudais com os novos senhores das terras conquistadas.
É a partir daqui que surgem dois burgos distintos, os quais faziam parte da actual freguesia de Santa Marinha, sendo por isso ambos localizados na zona ribeirinha.
Um era Portucale Castrum Antiquum, cujos bispos queriam deter os direitos senhoriais do burgo, causando antagonismos entre os burgueses de Gaia e o poder senhorial dos bispos portucalenses.
Tendo em conta isto e o facto da família real conceder grandes benefícios e bens aos mosteiros locais, interveio D. Afonso III no reguengo de Gaia, ao outorgar a carta de foral em 1255, passando esse a denominar-se Vila de Gaia, aquando a atribuição do documento régio.
Deste modo, afronta os privilégios dos clérigos quando, com o desejo que aqui nascesse uma nova povoação, tão importante como o Porto, passa a cobrar impostos dos géneros e mercadorias vindas do Douro, ao estabelecer alfândegas reais que estavam vedadas ao poderio do Bispo do Porto.
Com isto, com uma base económica não só agrícola, mas principalmente piscatória, vinícola e comercial, pretendia incrementar a função de entreposto comercial pela sua localização, e por conseguinte favorecer o desenvolvimento económico liberto de pressões senhoriais.
Tudo isto com o objectivo de povoar esta região, oferecendo aos seus moradores, na maioria pescadores e mercadores, o invejável privilégio de não pagarem portagem em nenhuma parte do reino.
O outro era o Burgo Velho do Porto, que com a atribuição do foral de D. Dinis e D. Isabel, em 1288, se passou a chamar Vila Nova de Rei, restringindo-se rapidamente a Vila Nova, logo em 1291. Este facilmente se tornou num importante estaleiro e entreposto comercial, com uma feira medieval privilegiada em 1308.
Estas povoações encontravam-se separadas, geograficamente, pela Ribeira de Santo Antão, assim como pela administração, pois cada uma tinha os seus próprios eleitos para administrar os respectivos burgos.
No entanto, estas ligavam-se na defesa dos interesses comuns e de entreajuda no plano comercial, dado que, enquanto a Vila de Gaia estabelecia o comércio com o Alto Douro e pescava, a outra servia de estaleiro e entreposto para albergar o importado.Apesar da divisão administrativa, as duas populações da margem esquerda do rio, estabeleciam uma relação de interdependência, assente numa ajuda mútua.


Imagem retirada do livro "Gaia e Vila Nova na Idade Média"

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Reconquista Cristã


A partir do século VIII, mais precisamente do ano de 711, com a invasão dos muçulmanos sob o comando de Tarique, o Rio Douro passa a servir de fronteira entre os cristãos (a norte) e os muçulmanos (a sul). Assim sendo, as populações cristãs inicialmente situadas a sul deste, vêem-se obrigadas a refugiarem-se mais a norte, na parte cristã.
Esta divisão vai levar a muitas batalhas e, até mesmo, a lendas amorosas como a Lenda de Gaia. No entanto, a reconquista de Portucale Castrum Antiquum só é conseguida em 868, por Vimara Peres, altura em que esta povoação fica a pertencer à diocese de Coimbra até à reimplantação da Sé portucalense na margem direita do Douro, no século XII com a eleição do Bispo D. Hugo, o primeiro senhor deste couto, após a consolidação cristã no noroeste peninsular.
Imagem retirada de: topazio1950.blogs.sapo.pt

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Antiquum / Novum


Após a queda do Império Romano, foi necessário distinguir as povoações das diferentes margens do Douro, ambas designadas por Portucale. Assim, por aqui já existir um antigo castro romano que servira de fortaleza, passaram a denominar, na parte esquerda do rio, Portucale Castrum Antiquum, que deriva do antigo Castelo de Gaia, que existia na altura mas, hoje em dia já não sobra nada desta construção a não ser vestígios que se vão descobrindo. Enquanto na margem direita denominaram-na Portucale Castrum Novum, devido à construção da nova Sé episcopal (Século VI), que destituiu a de Meinedo, passando-a para Portucale Castrum Novum, durante o domínio dos suevos, no norte da Península Ibérica durante o reinado de Teodomiro, em 569, pela necessidade de reestruturar as dioceses no seu reino, que se situava a noroeste da Península Ibérica, após o desmoronamento da civilização romana e todo o seu legado clássico com as invasões bárbaras, em 525.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Primeira Povoação


Ainda hoje está por determinar a origem da cidade de Cale (ou Calem) ou, melhor dizendo, em que margem do Douro se situava este povoamento antigo, cujos vestígios arqueológicos têm aparecido em ambos os lados do rio, permanecendo a dúvida em relação ao seu posicionamento.
No entanto, sabe-se que no domínio romano, Cale foi fundada na margem esquerda do Rio Douro, junto à sua foz, no decorrer da campanha de conquista da Península Ibérica de Décimo Júnior Bruto (general romano), sendo, no alto da sua vertente, construída uma estação militar para servir de centro de controlo. Essa virá a ser referida na via militar romana, do Imperador António Pio (Século II), entre Olissipo e Bracara Augusta (actuais cidades de Lisboa e Braga), como sendo o término da via, no sentido sul-norte, antes de se atravessar a via fluvial por barcas para continuar viagem até à principal cidade do norte da altura: Bracara Augusta.
Com isto, Cale é vista com um porto e como tal passaram a denominar o povoamento de Portus Cale e, mais tarde, de Portucale, topónimo que virá a dar nome ao nosso país que séculos mais tarde nascerá: Portugal (século XII). Isto porque no latim clássico não se faz distinção clara entre as letras e o som “c” e “g”.


Imagem retirada do 1º volume do livro “Tempo da história” de 10º ano da Porto Editora

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Próximas publicações...

Nas próximas publicações vamos descrever de forma simplificada o passado histórico de Gaia e o seu desenvolvimento até o século XX, na evolução a vila, depois a cidade, explicando o que contribuiu para isso.

Descrição do blog

Somos estudantes da Escola Secundária António Sérgio, a frequentar o 12ºE no ano lectivo de 2008/09 que, no seguimento do projecto intitulado "Evolução do Munícipio de Gaia", decidimos criar um espaço onde possamos apresentar todo o nosso trabalho, que julgamos ser interessante para quem desconhece esta cidade. Da mesma forma, para todos aqueles que nela residem, mas que não valorizam o que apresenta ou o desconhecem.